No último dia 6 de julho foi lançado o “Pokémon Go” nos Estados Unidos, um jogo realidade gratuito que tem levado muita gente à caça dos personagens mutantes do universo Pokémon espalhados por toda parte através de um aplicativo baixado gratuitamente no telefone celular. O novíssimo jogo virou notícia não somente pelo fato de parecer ser altamente divertido, mas por já envolver contusões, fraturas, assaltos, e até um encontro com a morte.
Surpreendentemente, o jogo vem sendo exaltado não por parecer ser muito divertido, mas sim por levar as pessoas, pasmem, a se exercitarem. Bem, Dave Schilling, por exemplo, escrevendo para o jornal The Guardian, celebra o aplicativo como uma forma de, pasmem, resolver o problema de obesidade nos Estados Unidos—vale também notar que o próprio jornalista se declara obcecado pelo jogo e que só escreveu o artigo porque o aplicativo estava fora do ar. Já o site A.V. Club, no artigo “Pokémon Go está introduzindo os jogadores aos horrores do exercício físico”, diz que “por décadas, a confortável poltrona tem sido o habitat natural dos jogadores de vídeo games”, e que o mais novo jogo da Nintendo é um daqueles ocasionais jogos que fazem o jogador se levantar.
Sim, é verdade, os jogadores se levantam. Eles também são levados a caminhar. Sim, o Pokémon Go está levando um bando de gente a caminhar no meio da rua e, feito zumbis, essas pessoas tropeçam e se chocam contra coisas e outras pessoas, e caem em buracos e valas enquanto olham fixamente as telas de seus telefones celulares. Calma, pois é preciso lembrar que os Pokémon sempre causaram alvoroço.
No último 11 de julho, o jornalista contribuinte de games para a RTV Jonathan Perez tuitou esta imagem em vídeo dizendo, “Pokémon GO simplesmente insano neste momento. Este é o Central Park. É basicamente o Quartel General do Pokémon Go”. |
Há 20 anos atrás, crianças e jovens foram atingidos por uma febre japonesa trazida por personagens mutantes fictícios pertencentes a um universo de, por volta, 722 espécies conhecidas dos chamados “Pokémon” (o termo não varia no plural). Pokémon foi um dos primeiros sucessos do mundo dos games, e que surgiram no então aparelhinho revolucionário “Game Boy” da empresa Nintendo lançado em 1989—ou 1990—, e que por volta da mesma época já introduzia os Pokémon à cultura pop naquela última década do século 20.
Os anos 90 foram os anos da Pokémania, pois logo após seu lançamento no Game Boy, os Pokémon invadiram outras várias mídias. Eles se fizeram presentes em uma série de anime, uma série de mangá, em quase duas dezenas de filmes e suas respectivas trilhas sonoras e, nas famosas figurinhas que levaram pais e mães à loucura. Vale lembrar que em 1997, um dos episódios do desenho animado dos Pokémon levou mais de 600 crianças japonesas ao hospital tomadas por crises epilépticas causadas pela bem rápida alternação das luzes azul e vermelha gerada após uma explosão que fazia parte da estória. Outras controvérsias daquela época envolveram alguns religiosos que viam os Pokémon como ameaça moral por não seguirem os preceitos religiosos da criação do mundo (os Pokémon tem sua própria cadeia evolucionária). Também houveram, ao mesmo tempo, os que viram uma ideologia antagonista ao povo judeu e os que viram uma ideologia anti-islâmica embutidas em alguns dos símbolos daquele universo fictício.
Quando a gente imaginava que estávamos livres destas famosas e controversas criaturinhas, e de suas habilidade de criar polêmica, eis que os Pokémon retornam mais estrambólicos e de forma mais curiosa do que nunca. Os Pokémon agora estão neste novo aplicativo de reality game (jogo realidade) para telefone celular, que através do GPS e da câmera do aparelho, devem ser encontrados—ou caçados—pelos usuários no mundo real. Nos lembra a velha brincadeira “Caça ao Tesouro”, ou a procura por ovos da páscoa escondidos. O site Vox, explica o jogo:
Nos Estados Unidos vários jovens de várias faixas etárias estão ampliando suas realidades nas praças e nos parques caçando Pokémon. Outros caçam os bichinhos na mesa de trabalho dos escritórios. Outros caçam Pokémon em quartos de hospitais e em banheiros. Em tal caçada, uma adolescente, da cidade de Riverton, no estado de Wyoming, escalou uma cerca para chegar a um rio e lá, pela tela de seu celular, e quase aos seus pés, encontrou um cadáver com o rosto dentro da fonte de água natural. Na Austrália, um usuário tentou entrar em uma delegacia de polícia na cidade de Darwin para caçar o personagem Sandshrew que aparentemente estava dentro da delegacia, que é um Pokestop, isto é, uma “parada Pokémon”—local onde os Pokémon e outros prêmios do jogo estão escondidos. Já o Museu do Holocausto na capital dos Estados Unidos, Washington D.C., já pediu aos jogadores do Pokémon Go que se mantenham fora de suas instalações, uma vez que estes “estão infiltrando o museu para capturar Pokémon ao invés de refletir sobre as vidas perdidas na tragédia” do holocausto.
Neste espaço aberto entre o desrespeito, a diversão e o perigo que o Pokémon Go oferece, o site LifeHacker criou um guia para pais e mães jogarem com seus filhos dando dicas básicas de como instalar o aplicativo, como se divertir e aprender coisas diferentes, e também dicas de cuidados ao jogar o Pokémon Go em vias com carros e outros perigos. A polícia estadunidense também faz alertas aos jogadores para terem cuidado quando estiverem absorvidos no jogo e com a toda atenção voltada para a tela dos telefones celulares. Quatro jovens foram presos em St. Louis por usarem o aplicativo para atrair jogadores à áreas seclusas (o Pokémon Go compartilha a localização dos jogadores entre os jogadores) nas quais os mais distraídos se tornaram vítimas involuntárias de furto.
O perigo mais comum, todavia, são os ferimentos causados por quedas e pelas trombadas em objetos e em outros transeuntes enquanto se está grudado na tela do telefone celular, fato que vem acontecendo em todos os locais do mundo onde o jogo foi liberado e jogado em locais públicos. Na página Pokémon Go da rede Reddit, a usuária Amalthea, fez o seguinte depoimento:
A usuária diz que não culpa o aplicativo e nem a empresa pela fratura que sofreu no seu pé. Mesmo não assumindo que jogava Pokémon Go para os médicos quando se feriu (que vergonha...), na rede ela assume a culpa por seu acidente dizendo que usava o aplicativo à noite e que ainda não havia dominado a mecânica do jogo quando perdeu o passo e... Enfim, constrangimentos à parte, ela diz que se juntará aos caçadores de Pokémon entre 6 a 8 semanas.
Tudo indica que o jogo é hipnotizador e altamente viciante. A diversão é certa, assim como são os perigos que vão além da integridade física dos jogadores. O site Gawker em sua seção Black Bag levanta questões importantes sobre segurança de informação dos usuários que, não somente dão completo acesso de suas localizações e às câmera de seus celulares, mas também concedem total acesso às suas contas do Google (caso for essa a forma pela qual o usuário acesse o Pokémon Go). O artigo do Gawker também observa que um teórico da conspiração, observando os termos da política de privacidade do aplicativo, chamou o seguinte item em negrito, na citação abaixo, como “bem Orwelliano”:
No entanto, o fato mais alarmante do artigo do Gawker é a afirmação de que o Pokémon Go “vem diretamente—diretamente—dos serviços de inteligência”. Vamos lá. Resumindo, conforme o site informa, o Pokémon Go foi criado pela Niantic, empresa de software criada em 2010 por John Hanke, o mesmo que ajudou fundar o site Keyhole. A keyhole foi comprada pela Google em 2004, mas “antes disso a empresa recebeu financiamento da firma In-Q-Tel, um empreendimento controlado pelo governo que investe em empresas que ajudarão a reforçar a caixa de ferramentas do big brother”. O artigo também afirma que a maior parte do financiamento da In-Q-Tel dado a Keyhole veio da NGA—Agência Nacional de Inteligência Geoespacial dos Estados Unidos, “cuja principal missão é ‘coletar, analisar, e distribuir inteligência geoespacial’”.
O artigo é interessante e, como qualquer teoria da conspiração, é também amedrontante. Neste caso, o texto nos leva a crer que com o Pokémon Go, os jogadores se tornariam os olhos do serviço de inteligência.
É sempre bom saber como podemos estar sendo usados para obter informações para terceiros, e também sobre as formas pelas quais nossa privacidade pode ser invadida através dos nossos dispositivos eletrônicos—realidade mais que frequente nos dias de hoje. Mas esse conhecimento retira o apelo do Pokémon Go? É enormemente provável que, para muita gente, a resposta seja não.
Enquanto as pessoas necessitam de um escape deste mundo social e politicamente conturbado e confuso, é neste mesmo contexto verdadeiramente insano que a Nintendo está lucrando de montão. O Pokémon Go já ultrapassou o Twitter em usuários diários e, vencendo até o “amor”, o jogo realidade ultrapassou o aplicativo de relacionamento Tinder em número de baixações. As ações da Nintendo subiram fortemente na segunda-feira, 11 de julho, aumentando em quase um quarto e adicionando 7 bilhões de dólares no valor de mercado da empresa.
Até o momento, o aplicativo está disponibilizado nos Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, e Alemanha. No Brasil o jogo já foi liberado e suspenso algumas vezes nestes últimos dias enquanto páginas oficiais entusiasticamente comemoram a chegada do Pokémon Go, torcendo para que a liberação definitiva aconteça em breve. A “Pokémon Go Brasil” é um exemplo desse entusiasmo. A página já oferece um manual de como baixar o jogo, um tutorial de como jogar e notícias atualizadas sobre o novo jogo de realidade ampliada.
Enquanto os acionistas da Nintendo enchem o bolso de grana com um jogo que é oferecido gratuitamente, ficamos aqui imaginando como serão os relatos sobre o jogo no Brasil. Na quarta-feira dia 13 de julho, o prefeito da cidade do Rio de Janeiro, usando seu Facebook, pediu a Nintendo para liberar o aplicativo no Brasil antes das olimpíadas. O prefeito escreveu,
Só nos resta esperar para ver a merda que o aplicativo vai dar por aqui.
Ainda, é mais que apropriado observar que Satoshi Tajiri se inspirou no seu passa-tempo de infância para criar o universo Pokémon: colecionar insetos. Assim como Darwin, o pai da teoria da evolução, Satoshi também teve sua realidade ampliada quando era um menino observando a natureza.
c&p
No site Releases (“Lançamentos”) é possível ver quais os países que já disponibilizam o Pokémon Go. Através do site você pode ser notificado por e-mail sobre a disponibilidade do aplicativo no país que você selecionar.
Os anos 90 foram os anos da Pokémania, pois logo após seu lançamento no Game Boy, os Pokémon invadiram outras várias mídias. Eles se fizeram presentes em uma série de anime, uma série de mangá, em quase duas dezenas de filmes e suas respectivas trilhas sonoras e, nas famosas figurinhas que levaram pais e mães à loucura. Vale lembrar que em 1997, um dos episódios do desenho animado dos Pokémon levou mais de 600 crianças japonesas ao hospital tomadas por crises epilépticas causadas pela bem rápida alternação das luzes azul e vermelha gerada após uma explosão que fazia parte da estória. Outras controvérsias daquela época envolveram alguns religiosos que viam os Pokémon como ameaça moral por não seguirem os preceitos religiosos da criação do mundo (os Pokémon tem sua própria cadeia evolucionária). Também houveram, ao mesmo tempo, os que viram uma ideologia antagonista ao povo judeu e os que viram uma ideologia anti-islâmica embutidas em alguns dos símbolos daquele universo fictício.
Vídeo promocional do Pokémon Go publicado em setembro de 2015 no canal The Official Pokémon Channel do Youtube.
Quando a gente imaginava que estávamos livres destas famosas e controversas criaturinhas, e de suas habilidade de criar polêmica, eis que os Pokémon retornam mais estrambólicos e de forma mais curiosa do que nunca. Os Pokémon agora estão neste novo aplicativo de reality game (jogo realidade) para telefone celular, que através do GPS e da câmera do aparelho, devem ser encontrados—ou caçados—pelos usuários no mundo real. Nos lembra a velha brincadeira “Caça ao Tesouro”, ou a procura por ovos da páscoa escondidos. O site Vox, explica o jogo:
“Em termos simples, o Pokémon Go usa o GPS e o relógio do seu telefone para detectar onde e quando você está no jogo e para fazer os Pokémon ‘aparecerem’ ao seu redor (na tela do telefone) para que você possa pegá-los. Quando você se move, mais e diferentes tipos de Pokémon irão aparecer, dependendo do horário e de onde você está. A ideia do jogo é encorajar uma viagem ao redor do mundo real para capturar os Pokémon. (Esta combinação de jogo com o mundo real é conhecida como ‘augmented reality’ [realidade ampliada].)”
Nos Estados Unidos vários jovens de várias faixas etárias estão ampliando suas realidades nas praças e nos parques caçando Pokémon. Outros caçam os bichinhos na mesa de trabalho dos escritórios. Outros caçam Pokémon em quartos de hospitais e em banheiros. Em tal caçada, uma adolescente, da cidade de Riverton, no estado de Wyoming, escalou uma cerca para chegar a um rio e lá, pela tela de seu celular, e quase aos seus pés, encontrou um cadáver com o rosto dentro da fonte de água natural. Na Austrália, um usuário tentou entrar em uma delegacia de polícia na cidade de Darwin para caçar o personagem Sandshrew que aparentemente estava dentro da delegacia, que é um Pokestop, isto é, uma “parada Pokémon”—local onde os Pokémon e outros prêmios do jogo estão escondidos. Já o Museu do Holocausto na capital dos Estados Unidos, Washington D.C., já pediu aos jogadores do Pokémon Go que se mantenham fora de suas instalações, uma vez que estes “estão infiltrando o museu para capturar Pokémon ao invés de refletir sobre as vidas perdidas na tragédia” do holocausto.
Neste espaço aberto entre o desrespeito, a diversão e o perigo que o Pokémon Go oferece, o site LifeHacker criou um guia para pais e mães jogarem com seus filhos dando dicas básicas de como instalar o aplicativo, como se divertir e aprender coisas diferentes, e também dicas de cuidados ao jogar o Pokémon Go em vias com carros e outros perigos. A polícia estadunidense também faz alertas aos jogadores para terem cuidado quando estiverem absorvidos no jogo e com a toda atenção voltada para a tela dos telefones celulares. Quatro jovens foram presos em St. Louis por usarem o aplicativo para atrair jogadores à áreas seclusas (o Pokémon Go compartilha a localização dos jogadores entre os jogadores) nas quais os mais distraídos se tornaram vítimas involuntárias de furto.
O perigo mais comum, todavia, são os ferimentos causados por quedas e pelas trombadas em objetos e em outros transeuntes enquanto se está grudado na tela do telefone celular, fato que vem acontecendo em todos os locais do mundo onde o jogo foi liberado e jogado em locais públicos. Na página Pokémon Go da rede Reddit, a usuária Amalthea, fez o seguinte depoimento:
“Em menos de 30 minutos após o lançamento na noite passada, eu escorreguei e caí em uma vala. Fraturei o quinto metatarso do meu pé, 6 a 8 semanas para a recuperação. Eu disse a todos os médicos que eu estava caminhando com meu cachorro KKK ... Prestem atenção por onde andam, pessoal!”
A usuária diz que não culpa o aplicativo e nem a empresa pela fratura que sofreu no seu pé. Mesmo não assumindo que jogava Pokémon Go para os médicos quando se feriu (que vergonha...), na rede ela assume a culpa por seu acidente dizendo que usava o aplicativo à noite e que ainda não havia dominado a mecânica do jogo quando perdeu o passo e... Enfim, constrangimentos à parte, ela diz que se juntará aos caçadores de Pokémon entre 6 a 8 semanas.
Tudo indica que o jogo é hipnotizador e altamente viciante. A diversão é certa, assim como são os perigos que vão além da integridade física dos jogadores. O site Gawker em sua seção Black Bag levanta questões importantes sobre segurança de informação dos usuários que, não somente dão completo acesso de suas localizações e às câmera de seus celulares, mas também concedem total acesso às suas contas do Google (caso for essa a forma pela qual o usuário acesse o Pokémon Go). O artigo do Gawker também observa que um teórico da conspiração, observando os termos da política de privacidade do aplicativo, chamou o seguinte item em negrito, na citação abaixo, como “bem Orwelliano”:
“e. Informação Divulgada Para Nossa Proteção e Proteção de Outros
Nós cooperamos com as autoridades governamentais e policiais ou entidades privadas para imposição e cumprimento da lei. Poderemos divulgar qualquer informação sobre você (ou de menores de idade que tenham sua autorização) que estiver em sua posse ou controle, para o governo ou para agentes da lei ou agências privadas que, ao nosso critério, acreditarmos ser necessário ou apropriado: a) para responder reclamações, processo legal (incluindo intimações); b) para proteger nossa propriedade, direitos, e segurança e a propriedade, direitos, e segurança de terceiros ou do público em geral; e c) para identificar e impedir qualquer atividade que considerarmos atividade ilegal, antiética, ou legalmente acionável”.
No entanto, o fato mais alarmante do artigo do Gawker é a afirmação de que o Pokémon Go “vem diretamente—diretamente—dos serviços de inteligência”. Vamos lá. Resumindo, conforme o site informa, o Pokémon Go foi criado pela Niantic, empresa de software criada em 2010 por John Hanke, o mesmo que ajudou fundar o site Keyhole. A keyhole foi comprada pela Google em 2004, mas “antes disso a empresa recebeu financiamento da firma In-Q-Tel, um empreendimento controlado pelo governo que investe em empresas que ajudarão a reforçar a caixa de ferramentas do big brother”. O artigo também afirma que a maior parte do financiamento da In-Q-Tel dado a Keyhole veio da NGA—Agência Nacional de Inteligência Geoespacial dos Estados Unidos, “cuja principal missão é ‘coletar, analisar, e distribuir inteligência geoespacial’”.
O artigo é interessante e, como qualquer teoria da conspiração, é também amedrontante. Neste caso, o texto nos leva a crer que com o Pokémon Go, os jogadores se tornariam os olhos do serviço de inteligência.
“O Pokémon Go tem uma razão perfeitamente legítima para querer ter acesso a coisas do tipo sua localização e sua câmera. O jogo precisa da sua localização para te colocar no mapa certo e da câmera para fazer uso da funcionalidade da realidade estendida. Mas com tal autorização de uso, o Pokémon Go (ou melhor, a sua controladora Niantic) não só sabe onde milhões de pessoas estão em um determinado ponto, eles também poderão muito bem descobrir com quem eles estão, o que está acontecendo ao redor deles, e aonde eles provavelmente irão em seguida”.
É sempre bom saber como podemos estar sendo usados para obter informações para terceiros, e também sobre as formas pelas quais nossa privacidade pode ser invadida através dos nossos dispositivos eletrônicos—realidade mais que frequente nos dias de hoje. Mas esse conhecimento retira o apelo do Pokémon Go? É enormemente provável que, para muita gente, a resposta seja não.
D. Rossi é uma das várias jogadoras do Pokémon Go nos Estados Unidos. “‘Eu nem quero pensar sobre isso’, diz ela sobre o tempo que ela já passou caçando Pokémon incluindo Pikachu, Charizard e Jigglypuff. ‘Eu deveria estar no trabalho neste momento mas pensei: Eu vou procurá-los enquanto estou no caminho pra comprar café’”. Da matéria “As alegrias do Pokémon Go: exercício, ar livre e ‘total escapismo’”, do jornal The Guardian. Foto: Piroschka van de Wouw. |
Enquanto as pessoas necessitam de um escape deste mundo social e politicamente conturbado e confuso, é neste mesmo contexto verdadeiramente insano que a Nintendo está lucrando de montão. O Pokémon Go já ultrapassou o Twitter em usuários diários e, vencendo até o “amor”, o jogo realidade ultrapassou o aplicativo de relacionamento Tinder em número de baixações. As ações da Nintendo subiram fortemente na segunda-feira, 11 de julho, aumentando em quase um quarto e adicionando 7 bilhões de dólares no valor de mercado da empresa.
Até o momento, o aplicativo está disponibilizado nos Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, e Alemanha. No Brasil o jogo já foi liberado e suspenso algumas vezes nestes últimos dias enquanto páginas oficiais entusiasticamente comemoram a chegada do Pokémon Go, torcendo para que a liberação definitiva aconteça em breve. A “Pokémon Go Brasil” é um exemplo desse entusiasmo. A página já oferece um manual de como baixar o jogo, um tutorial de como jogar e notícias atualizadas sobre o novo jogo de realidade ampliada.
Enquanto os acionistas da Nintendo enchem o bolso de grana com um jogo que é oferecido gratuitamente, ficamos aqui imaginando como serão os relatos sobre o jogo no Brasil. Na quarta-feira dia 13 de julho, o prefeito da cidade do Rio de Janeiro, usando seu Facebook, pediu a Nintendo para liberar o aplicativo no Brasil antes das olimpíadas. O prefeito escreveu,
“Alô Nintendo! Faltam 23 dias para as Olimpíadas do Rio 2016. O mundo todo tá vindo pra cá. Venha também! #CidadeOlímpica #Rio2016 #PokemonGoNoBrasil”.
Só nos resta esperar para ver a merda que o aplicativo vai dar por aqui.
Bem, para os potenciais Pokemólatras brasileiros: tomem cuidado com a sua privacidade, cuidado com sua sanidade física e mental, e boa sorte caçando o Pikachu—o nosso Pokémon favorito—da maneira mais segura possível. Não se esqueçam de usar seus capacetes, tornozeleiras e um par de tênis confortáveis. E lembrem-se que, se beber, não jogue Pokémon Go.
Ainda, é mais que apropriado observar que Satoshi Tajiri se inspirou no seu passa-tempo de infância para criar o universo Pokémon: colecionar insetos. Assim como Darwin, o pai da teoria da evolução, Satoshi também teve sua realidade ampliada quando era um menino observando a natureza.
c&p
No site Releases (“Lançamentos”) é possível ver quais os países que já disponibilizam o Pokémon Go. Através do site você pode ser notificado por e-mail sobre a disponibilidade do aplicativo no país que você selecionar.
Mais uma merda, bandidagem vai fazer a festa.
ResponderExcluircoisa do capiroto...
ResponderExcluirÓtima postagem gostei muito, ganhou um fã abraços.
ResponderExcluirMe segue, que eu sigo de volta!
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