“Amor e Beleza”: A Sexualização de Saartjie Baartman, a Vênus Hotentote


“Love and Beauty (Amor e Beleza): Saartjie Baartman, a Vênus Hotentote”. Autor desconhecido; Londres, 1811.(Imagem: Wikimedia Commons e Library of Cogress).


“Amor e Beleza” é uma ilustração do início do século 19 que mostra Saartjie Baartman seminua segurando um longo cajado e fumando um cachimbo, com um cupido sentado em sua nádega dizendo “Cuidem de seus corações”.

A ilustração revela uma das formas de exploração visual do corpo desta mulher africana pelos europeus como como 'demais', 'exagerada' e, 'ameaçadora' mesmo quando super sexualizada.

Saartjie Baartman, da etnia Khoikhoi, chamada de a “Vênus Hotentote”, ou seja, a deusa do amor dos Hotentote (o nome dado aos Khoikhoi pelos europeus) é um exemplo da visão do corpo negro como “muito exagerado” no século 19. Mesmo tendo sido considerada um “aberração” pelos europeus, seu corpo era considerado normal dentro do padrão físico das mulheres Khoikhoi—que geneticamente acumulam mais gordura na região dos glúteos. Ela tinha uma cintura fina e suas nádegas e seus órgãos genitais eram grandes.

Na Europa (Inglaterra e França), Saartjie foi exibida publicamente nos shows de aberrações e, em festas particulares o seu corpo podia ser tocado pelos homens europeus. Eventualmente, ela tornou-se prostituta e faleceu em 1815 em Paris, aos 25 anos de idade, apenas 5 anos após chegar naquele continente.

Como escreveu Jane Ayeko em seu artigo, “SarahBaartman: Exploração, racismo e miséria”, Saartjie “foi dissecada pelo cirurgião de Napoleão que a comparou a um macaco. Durante 160 anos, o seu esqueleto, cérebro e órgãos genitais estiveram em exposição no Museu de Antropologia em Paris. Só em 1974, e depois de vários protestos, o seu corpo foi retirado do museu”. Em 2002, seus restos mortais foram devolvidos à Africa do Sul, onde foi sepultada em sua província.

No imaginário europeu da época, Saartjie tornou-se a representação do corpo 'exagerado' da mulher africana; da mulher negra como um corpo de estética 'primitiva' mercantilizado como um objeto de desejo. 
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Saiba mais sobre Saartjie Baartman lendo o artigo “SarahBaartman: Exploração, racismo e miséria” de Jane Ayeko;

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