As pinturas de Gustav Klimt são aquelas obras que com certeza você já viu mas talvez não sabia o nome do autor, principalmente o quadro
”), pintada entre 1907 e 1908, uma de suas obras mais famosas.
Agora, após o lançamento do filme
“Woman in Gold” (2015), lançado no Brasil como “A Dama Dourada”, a pintura “Retrato de Adele Bloch-Bauer” de 1907 se torna bem mais popular—obra roubada e rebatizada pelos nazistas de “Dama em Dourado” na tentativa de apagar a origem judaica estampada no nome de Adele Bloch-Bauer (1881–1925). A famosa obra de Gustav Klimt consiste no complexo uso de tinta óleo, prata e folhas de ouro sobre tela e faz parte da fase do “ouro” (1906-1907) do pintor na qual ele utilizou a aplicação de folhas de ouro em suas pinturas de imaginário bizantino.
Mas por trás de vários quadros de Klimt, e de suas obras, existe uma mulher extremamente interessante: Emilie Flöge (1874-1952), a criadora dos vestidos de estilo-mosaico eternizados em várias pinturas de Gustav, incluindo o vestido da obra “Retrato de Adele Bloch-Bauer”. Os vestidos retratados nos quadros de Klimt não eram frutos da imaginação do pintor. O mulherengo pintor teve muitas musas, mas, talvez, Emilie tenha sido a musa número 1 de Klimt.
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Bildnis der Emilie Flöge, “Retrato de Emilie Flöge” de 1902 é o primeiro quadro em que Klimt decora uma de suas musas como se fosse uma joia. (Imagem: Reprodução/Internet). |
Na virada do século 20, Emilie Flöge começou sua carreira em Viena, na escola de costura de sua irmã mais velha, Pauline. Após vencerem uma competição de costura em 1899, Emilie e Pauline receberam uma encomenda para uma exibição prestigiada. A partir de 1904, Emilie e sua irmã mais nova, Helene, abriram um ateliê de alta costura chamado Schwestern Flöge (Irmãs Flöge) em Viena e se tornaram duas empresárias de sucesso. Atentas aos últimos acontecimentos da alta costura francesa, como Channel e Dior, o ateliê das irmãs se tornou o principal endereço de moda em Viena.
Fora do ateliê, no entanto, Emilie criava vestimentas de estilo bem mais rebelde e altamente fora do seu tempo. Essas suas criações nada convencionais chamaram a atenção do pintor boêmio Gustav Klimt.
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Emilie Flöge em um dos seus vestidos “radicais”. (Imagem: Reprodução/Internet; (MessyNessyChic). |
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Emilie Flöge em um dos seus vestidos “radicais”. (Imagem: Reprodução/Internet; (MessyNessyChic). |
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Emilie Flöge em um dos seus vestidos “radicais”. (Imagem: Reprodução/Internet; (MessyNessyChic). |
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Emilie Flöge em um dos seus vestidos “radicais”. (Imagem: Reprodução/Internet; (MessyNessyChic). |
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Emilie Flöge em um dos seus vestidos “radicais”. (Imagem: Reprodução/Internet; (MessyNessyChic). |
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Emilie Flöge em um dos seus vestidos “radicais”. (Imagem: Reprodução/Internet; (MessyNessyChic). |
Os dois se conheceram quando ela tinha 18 anos através de laços de família. Helene, a irmã mais nova de Emilie havia casado com Ernst, o irmão de Gustav que morreu um ano após o casamento. Na ausência de Ernst, Gustav tornou-se o guardião de Helene passando a frequentar a casa de verão da família de Emilie. Gustav e Emilie logo se conectaram.
Flöge e Klimt: Amigos ou Amantes?
O artigo
“Vestindo a Dama em Dourado” do site MessyNessyChic diz que muitos afirmam que Emilie e Gustav eram amantes e que o quadro “O Beijo” seria um retrato dos dois. O site ‘Klimt Museum’ também afirma que vários especialistas acreditam que “O Beijo” seja o retrato da relação entre os dois artistas. Na sua versão sobre a vida do pintor, o cineasta Raúl Ruiz no filme
“Klimt” (2006), mostra um Klimt, interpretado por John Malkovich, como um libertino gerador de escândalos dentro da alta sociedade de Viena com as suas conquistas amorosas.
Klimt The Movie, O site do filme diz que a “relação aberta” de Klimt com “Emilie Flöge [interpretada pela atriz Veronica Ferres] é outra questão importante, bem como os numerosos casos amorosos e a vida excessiva do pintor”. A fama de mulherengo é também confirmada pelo site do Departamento de Turismo da Áustria,
Austria Info, que informa que o pintor teve 14 filhos ilegítimos e vários casos com suas modelos, lembrando que Klimt é considerado o grande mestre do eroticismo da história da arte.
Porém, a história oficial diz que Klimt e Flöge eram somente grandes amigos e companheiros. Tal parceria rendeu clientes tanto para ela quanto para ele.
O artigo do site MessyNessyChic informa que os vestidos de Emilie eram feitos para serem usados sem espartilho, pendendo livremente nos ombros, caindo sobre o corpo, tinham mangas largas e, eram confortáveis. O autor do artigo afirma que, assim como o estilo provocativo e erótico de Klimt, Emilie também tinha uma queda para a criação de algo revolucionário. Flöge foi fortemente inspirada pelo movimento feminista da época que pregava um estilo mais prático e confortável de se vestir. O estilo boêmio de Klimt também foi uma grande influência na obra da estilista.
“Frequentemente ao lado de Klimt nessas fotografias antigas, o casal poderia se passar como hippies estilosos em uma viagem no tempo de volta à virada do século 20”. (MessyNessyChic)
As criações artísticas e ousadas de Emilie não foram um sucesso de vendas, e isto pode ter sido devido pelo fato de que o estilo daquelas criações ser muito revolucionário. Mas o mais interessantemente é que enquanto os seus vestidos mais convencionais vendiam bem em seu ateliê, Klimt pintava as damas da alta sociedade de Viena usando as criações mais
avant garde de Emilie.
O fato de Klimt ter utilizado os vestidos de Emilie em suas pinturas poderia ter sido o suficiente para colocar Emilie em grande evidência como estilista. Mas Emilie não viveu o suficiente para ver seu nome reconhecido no mundo da moda.
Tal reconhecimento veio somente no mais recente desfile Outono/Inverno 2015 do estilista Valentino que homenageou Emilie Flöge com criações inspiradas na obra da praticamente desconhecida estilista boêmia, feminista e revolucionária da virada do século 20. O panfleto do desfile dizia “Valentino FW 2015 x Emilie Louise Flöge”. Veja abaixo.
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Valentino homenageia Flöge em 2015. (Imagem: Reprodução/Internet; MessyNessyChic) |
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Valentino homenageia Flöge em 2015. (Imagem: Reprodução/Internet; MessyNessyChic) |
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Valentino homenageia Flöge em 2015. (Imagem: Reprodução/Internet; MessyNessyChic) |
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Valentino homenageia Flöge em 2015. (Imagem: Reprodução/Internet; MessyNessyChic) |
Com a chegada da segunda grande guerra, Emilie perdeu suas criações durante a invasão dos nazistas na Áustria. Ela também foi forçada a fechar o seu ateliê e começou a trabalhar em seu apartamento que no final da guerra se foi em um incêndio que destruiu o prédio. Emilie perdeu toda a sua coleção bem como objetos valiosos que pertenceram ao seu amigo Gustav Klimt.
O artigo do MessyNessyChic também diz que mesmo tendo herdado a metade dos bens de Klimt, Emilie tenha talvez perdido a inspiração para continuar criando e inovando após a morte de Gustav em 1918 aos 55 anos de idade. As últimas palavras de Klimt foram, “Chame Emilie”. Emilie viveu por mais 34 anos após a morte de Klimt, morrendo aos 77 anos de idade.
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Em 2006, o quadro “Retrato de Adele Bloch-Bauer I” foi vendido em Nova York por $135 milhões de dólares. Hoje o quadro é exibido permanentemente na
Neue Art Gallery em Nova York.
A Neue Art Gallery também montou a exibição “Gustav Klimt and Adele Bloch-Bauer: The Woman in Gold” (“Gustav Klimt e Adele Bloch-Bauer: A Dama Dourada”), um olhar íntimo sobre a relação do pintor com sua musa Adele. A exibição conta com o famoso quadro, outras pinturas, desenhos relacionados com o quadro, fotografias antigas, objetos decorativos, e material de arquivos. Esta exibição abriu em 2 de abril e termina em 7 de setembro deste ano—“Retrato de Adele Bloch-Bauer I” continua em exibição permanente após o dia 7 de setembro. A abertura desta exibição especial coincidiu com com o lançamento do filme “A Dama Dourada”.
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O filme “A Dama Dourada” foi baseado no livro de 2012, “The Lady in Gold: The Extraordinary Tale of Gustav Klimt’s Masterpiece, Portrait of Adele Bloch-Bauer” (“A Dama em Dourado: O Extraordinário Conto Sobre a Obra-Prima de Klimt, O Retrato de Adele Bloch-Bauer”), escrito por Anne-Marie O’Connor. O livro foi lançado em 2013 no Brasil pela editora José Olympio com o título
“A Dama Dourada: Retrato de Adele Bloch-Bauer”.
c&p
Fonte: Messy Nessy Chic; History Holywood; Vienna Review; Klimt Museum; Klimt The Movie; Austria Info.
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