Animação de “O Grito” ao Som de “The Great Gig in the Sky” de Pink Floyd

Detalhe da icônica capa do disco “Dark Side of the Moon” de Pink Floyd, e detalhe da valiosa versão de 1895 da obra “O Grito’ de Edvard Munch. (Reprodução Internet).

Em um filme-curta de animação (3min. 22seg.), o artista romeno Sebastian Cosor dá vida a obra expressionista Skrik (“O Grito”), do pintor norueguês Edvard Munch, ao som de The Great Gig in the Sky (“A Grande Apresentação/Show no Céu”) do grupo britânico de rock Pink Floyd.

No curta de 2012, Sebastian Cosor une duas obras de diferentes artistas, épocas, e mídias (música e arte visual), que mesmo distintas conseguem captar com a mesma extrema pungência o misto dos sentimentos de agonia, angústia, desespero, dor, ansiedade e medo.

Assim, o medo da morte—mais precisamente—t orna-se o tema principal no curta que apresenta dois personagens caminhando, quando o mais jovem deles pergunta ao mais velho, “Você tem medo de morrer?” Eles continuam a caminhada e a conversa, enquanto o personagem andrógina de “O Grito” surge para vocalizar o clássico de Pink Floyd.

O texto sobre a morte, sobre morrer, apresentado no curta, é desenvolvido a partir do texto de introdução de ‘The Great Gig in the Sky’:

And I am not frightened of dying
E eu não estou com medo de morrer
Any time will do, I don't mind
A qualquer momento morreremos, eu não me importo
Why should I be frightened of dying?
Por que eu deveria ter medo de morrer?
There’s no reason for it
Não há razão para isso
You've gotta go sometime
Você tem que ir algum dia
[Em um sussurro quase inaudível] If you can hear this whispering you are dying
Se você pode ouvir este sussurro você está morrendo

Em 2012 Sebastian Cosor apresentou o seu curta no Vimeo. Confira abaixo:

The Scream - Safe-Frame.com (“O Grito – Moldura-Segura.com”)


Considerado o pioneiro do movimento Expressionista moderno, Edvard Munch (1863-1944) fez as duas primeiras versões de “O Grito” em 1893. A terceira foi feita em 1895, e a última em 1910. De uma forma ou outra, em todas elas ele usou tinta à óleo, pastel, giz de cêra, ou têmpera. Todas sobre papelão. Ainda em 1895, Munch também fez uma litografia em preto e branco de “O Grito”. Em um todo, a obra é tida como uma expressão de angústia e desespero existencial.

A versão de 1895 é a menos vista pelo público (sempre fez parte de coleções particulares) e a mais colorida de todas. Ela foi comprada por $119.9 milhões de dólares na Sotheby’s de Nova York em 2012. Esta ainda se encontra em sua moldura original pintada pelas mãos do artista. Nesta moldura, Munch também inscreveu um poema seu descrevendo a visão apocalíptica presente no quadro:

“Eu estava caminhando pela estrada com dois Amigos
O sol se punha—de repente o Céu tornou-se vermelho cor de sangue
Senti uma brisa de melancolia e parei
Paralisado, morto de cansaço—sobre o azul-negro
O Fiorde e a Cidade penduravam-se em Sangue e Línguas de Fogo
Meus Amigos continuaram a caminhar—eu permaneci atrás
—tremendo de ansiedade—Senti o grande Grito na Natureza”

Já a segunda peça do vídeo de Sebastian Cosor, a canção The Great Gig in the Sky, é parte do disco-obra-prima de 1973 da banda de rock britânica Pink Floyd: Dark Side of the Moon (“O Lado Escuro da Lua”). O vocal daquela canção, que encantou e ao mesmo tempo assombrou gerações de ouvintes de rock, foi executado por uma cantora e compositora desconhecida do grande público: Clare Torry.

Clare Torry, na época com 25 anos, foi convidada ao Estúdio Abbey Road pelo produtor Alan Parsons para improvisar sob uma progressão de acordes do piano de Richard Wright para uma faixa do disco que tinha o título provisório, The Mortality Sequence (“A Sequência da Mortalidade”).

Clare recebeu bem pouca direção da banda para fazer o hoje lendário improviso. Em entrevista para a revista Rolling Stone de 2003, o baixista Roger Waters disse: “A Clare foi ao estúdio um dia e a gente disse a ela, ‘Não há letra. A canção é sobre a morte—cante um pouquinho sobre isso, menina.’”

E mais de quarenta anos depois, aquele “cante um pouquinho” ainda é capaz de causar arrepios em qualquer ser-humano com um pouquinho de sensibilidade.

Interessantemente, em 2004 Clare, através de um acordo, saiu vencedora em uma disputa legal contra a gravadora EMI e o grupo Pink Floyd e teve seu nome creditado como colaboradora (co-autoria: Wright/Torry) na canção—a quantia que ela recebeu é segredo de justiça, mas vale lembrar que o disco ficou no topo das paradas musicais por 26 anos e vendeu mais 36 milhões de cópias.

No final, ao unir Skrik e The Great Gig in the Sky (duas obras de arte milionárias), Sebastian Cosor expressa um antigo drama existencialista do ser-humano: mortalidade.

O artista também disponibilizou em sua página do Vimeo uma segunda versão do seu curta, The Scream - Winter Version (“O Grito - Versão Inverno”).

c&p

Fonte: Open Culture; Saber Cultural; About.com; Sotheby’s; Freelance: UK); The New York Times.
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