Kris Kristofferson Fala Sobre “Me and Bobby McGee” e Janis Joplin

Capa do Disco de Kris Kristofferson “Me and Bobby McGee” lançado em agosto de 1971. (Imagem: Reprodução/Internet).

O cantor, compositor, e ator Kris Kristofferson fala sobre a sua composição “Me and Bobby McGee”, um grande sucesso na voz de Janis Joplin (1943—1970).

Kris Kristofferson, supostamente, namorou Janis durante a primavera de 1970, mas a famosa canção não foi escrita para ela. Na verdade, Janis não foi a primeira artista a gravar “Me and Bobby McGee”. Mas talvez pelo fato do seu disco Pearl, que continha a faixa, ter sido lançado 3 meses após a sua morte, a versão de Janis para a música de Kris e Fred Foster chegou ao topo da Billboard em 1971.




Janis gravou Me and Bobby McGee poucos dias antes de morrer, e é ainda hoje fortemente associada à interpretação da cantora.

Abaixo, Kris Kristofferson conta como nasceu a famosa canção.


ª

Kris Kristofferson’s “Me and Bobby McGee”
Texto/entrevista publicado originalmente na revista Performing Songwriter, 22 de junho, 2013.

“O título foi ideia do Fred Foster [produtor e fundador da Monument Records]. Ele me ligou uma noite e disse: ‘Eu tenho um título de uma canção para você compor. O título é Me and Bobby McKee (Eu e Bobby Mckee)’. Eu pensei que ele tivesse dito ‘McGee’. Bobby McKee secretariava Boudleaux Bryant, que trabalhava no mesmo prédio que o Fred trabalhava. E aí o Fred me diz: ‘O negócio é que Bobby McKee é uma mulher. Ficou interessado agora?’ (Risadas) Eu disse, ‘É…, eu vou tentar, mas eu nunca escrevi uma música por encomenda’. Então ele me deu um tempo para pensar.

Tinha uma canção de Mickey Newbury que eu não conseguia tirar da minha cabeça—Why You Been Gone So Long? (Por quê você se foi por tanto tempo). Essa música tinha um ritmo que eu realmente gostava. Eu comecei a cantar seguindo a mesma métrica.

Por alguma razão, eu pensei em La Strada, esse filme do Fellini, e na cena em que Anthony Quinn dá voltas com a sua motocicleta e a Giulietta Masina é a garota deficiente mental que acompanha ele tocando trombone. E chega a um ponto onde ele não podia mais aguentá-la e a abandona na estrada enquanto ela estava dormindo. Mais tarde no filme ele vê esta mulher pendurando roupa na corda e cantando a melodia que a garota costumava tocar no trombone. E ele pergunta: ‘Onde foi que você ouviu aquela canção?’ E ela diz a ele que foi uma garota que apareceu na cidade e que ninguém sabia de onde ela era, e que mais tarde ela havia morrido. Naquela noite, Quinn vai a um bar e entra em uma luta. Ele está bêbado e termina uivando para as estrelas na praia. Para mim, essa é a sensação no final de Bobby McGee. A liberdade é uma espada de dois gumes. Ele ficou livre após abandonar a garota, mas isso o destruiu. Foi assim que surgiu a frase da música que diz ,‘Liberdade é apenas uma outra palavra para dizer que não há mais nada para se perder’.

A primeira vez que eu ouvi a versão de Janis Joplin foi logo depois que ela morreu. Paul Rothchild, o produtor dela, me pediu para passar no seu escritório para ouvir uma faixa que ela tinha gravado. Depois de ouvir a gravação eu andei por toda cidade de Los Angeles, puramente em lágrimas. Eu realmente não podia ouvir a música sem cair aos prantos. Então, quando voltei pra Nashville eu fui para o prédio da [Editora] Combine tarde da noite, e eu toquei o disco repetidamente para que eu pudesse me acostumar com a gravação sem cair no choro. Donnie Fritts [compositor e tecladista] chegou e ouviu o disco comigo, e juntos nós escrevemos uma música sobre a Janis naquela noite, chamada Epitaph (epitáfio).

Bobby McGee foi a música que fez toda diferença na minha vida. Toda vez que eu a canto, eu ainda penso na Janis”.


O artigo/entrevista foi publicado pela primeira vez na versão impressa da revista Performing Songwriter (Edição 107, janeiro/fevereiro de 2008), sob o título “One of America’s greatest songwriters shares stories of his journey, and tells the story behind ‘Me and Bobby McGee’” (“Um dos maiores compositors dos Estados Unidos compartilha estórias sobre sua jornada, e conta a estória por detrás de ‘Me and Bobby McGee’”).

c&p

9 comentários:

  1. Essa musica me faz sentir no meio do nada em uma estrada, solta como uma folha ao vento, sem nada a perder,mas livre e feliz... Uma linda cançao

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  2. Como não amar??? Sensação de liberdade, vento na cara e, um pouquinho de tristeza

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  3. Para mim é melhor música que a Janis Joplin gravou.

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  4. É uma corrente de emoção de mão única.Uma montanha russa em linha reta. Simples e forte,com doçura leve e extremamente sutil. A interpretação magnífica de Janis trás à tona tudo isso e mais alguma coisa. Acaba, claro, por ser co-autora de uma grande obra. Sem ela seria mais comum, com ela, algo que tentei definir pobremente.A geração que pertence é rara e quase impossível de acontecer novamente.Ao menos, temos esse tempo atemporal o tempo todo em nos.

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  5. É uma corrente de emoção de mão única.Uma montanha russa em linha reta. Simples e forte,com doçura leve e extremamente sutil. A interpretação magnífica de Janis trás à tona tudo isso e mais alguma coisa. Acaba, claro, por ser co-autora de uma grande obra. Sem ela seria mais comum, com ela, algo que tentei definir pobremente.A geração que pertence é rara e quase impossível de acontecer novamente.Ao menos, temos esse tempo atemporal o tempo todo em nos.

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  6. O BLUES TEM POUQUISSIMAS OBRAS QUE SE APROXIMAM DA BELEZA SUPERIOR DESSA.OU TALVEZ NEM TENHA. VIDA ETERNA PRA JANIS JOPLIN
    !!!!!!!!!

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  7. Cara! Falar de Janis é chover no molhado. Nada supera o que ela fez ao blues,quando ouvi pela primeira vez ela e o Big Brother foi um divisor de águas. Janis viveu à frente do seu tempo ,por isso sempre será lembrada dentre as melhores cantoras de blues, as Blueswoman. Salve o blues!

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