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“Nós visitamos a aldeia palácio ‘do povo Kassena’ pertencente ao grupo étnico Gourounsi. Os habitantes pertencem à mesma família há várias gerações. As casas de barro fazem parte de uma tradição antiga. Os homens constroem a casa e as mulheres decoram as paredes. Todos as figuras têm um significado simbólico”. Descrição de Rita Willaert; Flickr.
(Foto: Rita Willaert, 27 de fevereiro de 2009) |
O povo Kassena, partecente ao grupo étnico
Gourounsi, é um dos mais antigos grupos étnicos a se estabelecer no território de Burkina Faso, no século 15, e que hoje representa cerca de 6% da população de Burkina Faso. A vila de Tiébélé é conhecida pela sua extraordinária tradicional arquitetura
Gourounsi e pelas paredes de suas casas que têm uma decoração extremamente elaborada.
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“Aldeia Real de Tiébélé”. (Foto: Rita Willaert, 27 de fevereiro de 2009) |
Burkina Faso (ou Burkina Fasso, Burquina Faso ou Burquina Fasso), o país sem litoral, é considerado pobre mesmo para os padrões da África ocidental, e sofreu com fortes secas e golpes militares (BBC News, Africa). A ex-colônia francesa, chamada de Alto Volta, conquistou sua total independência em 1960 e em 1984 o nome do país foi mudado para o atual, um ano após o terceiro golpe militar desde a independência.
Mas é na província de Nahouri no centro-sul deste país que não está presente na lista de destino turísticos mundiais, e próximo a fronteira com Gana, que está localizada a vila de Tiébélé, lar do povo Kassena. Um local feito para poucos visitantes e aventureiros.
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Criança da vila Tiébélé. Em seus “Registos da aldeia real dos Gourounsi em Tiebele” que Gonçalo B. postou em setembro de 2011 em seu blog, ele diz, “Se Burkina Faso significa em língua local: ‘país de homens honestos’, já Tiebebe significa ‘aldeia de homens livres’.
(Foto: Gonçalo B.) |
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Detalhe de uma das contruções. (Foto: Gonçalo B.) |
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Detalhe de uma das paredes.
(Foto: Rita Willaert, 27 de fevereiro de 2009)
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Alguns destes aventureiros criaram um acervo fotográfico raro e bem rico, seja através de perfis no site de fotos
Flickr, como Rita Willaert o fez, ou em seus próprio sites e blogs, como o português Gonçalo B. no seu blog “
África do Meu Coração—Estórias de Uma Viagem”, e Olga Stavrakis com seu site
Travel With Olga (“Viaje com Olga”) e também no seu perfil no
Flickr. Cada um desses viajantes certamente teve uma experiência única no local, mas todos parecem ter imensamente apreciado a jornada à Tiébélé e conhecer os Kassenas.
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(Foto: Rita Willaert, 27 de fevereiro de 2009) |
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(Foto: Rita Willaert, 27 de fevereiro de 2009) |
É importante notar que a história deste grupo étnico revela uma luta perpétua contra o povo vizinhos e contra os invasores em busca de escravos. Talvez isto explique a cautela que os Kassenas têm em relação a visitantes.
“A vila se mantém extremamente isolada e fechada para as pessoas de fora, provavelmente para assegurar a conservação e a integridade de suas estruturas e para proteger as tradições locais. Há um interesse em transformar o local em destino turístico para gerar recursos econômicos para a sua conservação, mas este é um processo delicado”. (
Messy Nessy Chic)
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(Foto: Rita Willaert, 27 de fevereiro de 2009) |
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(Foto: Rita Willaert, 27 de fevereiro de 2009) |
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Arte. A forma de arte mais reconhecida do povo Kassena são as magníficas máscaras feitas de madeira. Além disso, figuras antropomórficas esculpidas em argila e madeira e vários objetos pessoais, que vão de joias aos bancos de madeira, são criados para honrar os espíritos. Os Kassenas constroem residências espetaculares feitas de barro.” (
Art & Life in Africa, University of Iowa).
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(Foto: Rita Willaert, 27 de fevereiro de 2009) |
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(Foto: Rita Willaert, 27 de fevereiro de 2009) |
As habitações do povo Kassena são verdadeiras obras de arte. Mas como estas casas são feitas? Como é feita a decoração destas paredes? O site
Amusing Planet explica:
“O povo Kassena constrói suas casa inteiramente de material local: terra, madeira e palha. A terra misturada com palha e bosta de vaca é molhada ao estado de perfeita plasticidade, para moldar superfícies quase que verticais. Hoje, esta técnica foi substituída pelo uso de tijolo de barro moldando as paredes com fundações feitas de largas pedras. As casas de Tiébélé foram feitas para defesa, seja contra o clima quanto para os inimigos. As paredes têm um pouco mais de 30 centímetros de grossura e casas são projetadas sem janelas exceto por uma ou duas pequenas aberturas que permitam a entrada de luz o suficiente para se enxergar dentro de casa. As portas da frente têm apenas cerca de 70 centímetros de altura, o que bloqueia o forte sol e dificulta a entrada de inimigos. Os telhados são protegidos com escadas de madeira que são facilmente retraídas. E a cerveja local (
dolo) é fabricada em casa”.
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Detalhe de uma cozinha.
(Foto: Rita Willaert, 27 de fevereiro de 2009) |
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(Foto: Rita Willaert, 27 de fevereiro de 2009) |
“Depois de construídas, as mulheres fazem murais nas paredes usando lama colorida e
giz branco. Os temas e símbolos ou são tirados do cotidiano, ou da religião e das crenças. Depois de terminada, a parede é cuidadosamente polida com pedras, onde cada cor é polida separadamente para que as cores não borrem umas nas outras. E finalmente, toda a superfície é revestida com um verniz natural feito de vagens fervidas de
néré, a
alfarrobeira africana”.
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(Foto: Rita Willaert, 27 de fevereiro de 2009) |
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(Foto: Rita Willaert, 27 de fevereiro de 2009) |
“Todo este projeto também serve para proteger as paredes. A decoração é geralmente feita bem antes da estação de chuvas e protege o lado exterior das paredes da água. Adicionando estrume de vaca, comprimindo camadas de lama, polindo a última camada, e envernizando com
néré, faz com que a parede resista ao tempo úmido, permitindo que a estrutura dure mais”.
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(Foto: Rita Willaert, 27 de fevereiro de 2009) |
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(Foto: Gonçalo B.) |
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(Foto: Gonçalo B.) |
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(Foto: Gonçalo B.) |
“
História. O povo Kassena pertence a um amplo subgrupo étnico que habita as áreas do sul de Burkina Faso e do norte de Gana que são conhecidos coletivamente como pelo termo
Gurunsi. Este termo é aplicado aqueles povos que tem histórias, línguas, e estruturas políticas em comum, mas ele também carrega um tom pejorativo no uso local. A maioria dos
Gurunsi vive hoje em dia em Burkina Faso, e o grau de diferença entre a recente história dos Kassena e a recente história dos seus vizinhos do norte, tais como os
Nuna,
Bwa, e os
Winiama, se dá pelo fato destes últimos viverem em Gana. Estas diferenças surgiram durante o período colonial na primeira metade do século 20, como resultado das práticas administrativas diferentes usadas pelos sistemas coloniais francês e britânico.” (
Art & Life in Africa, University of Iowa)
Algumas das casas com decoração mais elaboradas, não são residências, mas sim mausoléus onde repousam os mortos. A fotografia abaixo feita por Rita Willaert, é um exemplo de um mausoléu.
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(Foto: Rita Willaert, 27 de fevereiro de 2009) |
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Religião. A crença em um criador supremo é central na crença dos Kassena. Um altar a este deus ocupa o centro de todas as vilas. Um elemento deste Deus criador é o
Su, o espírito máscara o qual é reverenciado na mais antiga e mais sagrada máscara na comunidade. O espírito
Su pode ser utilizado para o benefício da comunidade ou para prejudicar inimigos. Quando
Su é apropriadamente satisfeito, a harmonia comunitária é alcançada.
Su é responsável pela fertilidade humana e é reconhecido por seu papel na continuidade da vida. Cada família extensa mantém sua própria cabana, na qual os objetos mágicos da linhagem são mantidos. Os objetos permitem que a família mantenha contato com as forças vitais da natureza. Esses objetos são de propriedade comunal da linhagem, proporcionando proteção e coesão social entre todos os membros da família”. (
Art & Life in Africa, University of Iowa)
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“Dentro do palácio ao lado da casa do chefe havia esse altar dedicado a prática religiosa, conhecida como ‘animista’. O termo usado para se referir a religião mais ao oeste, no Togo e em Benin, é ‘Voodoo’ ou ‘Vodun’ e baseia-se na adoração de forças da natureza. A natureza é controlada e o mal é contrabalançado pela oferta de sacrifícios de leite, penas, e às vezes de sangue de animais. Este altar parecia ter recebido uma oferenda recente de leite”.
(Foto: Olga Stavrakis; 29 de abril de 2011) |
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Detalhe de decoração de uma parede.
(Foto: Rita Willaert, 27 de fevereiro de 2009) |
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(Foto: Rita Willaert, 27 de fevereiro de 2009) |
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(Foto: Gonçalo B.) |
c&p
Fonte: “The African Village where every House is a work of Art”, em Messy Nessy Chic; Art & Life in Africa-University of Iowa; África do Meu Coração—Estórias de Uma Viagem, Blog de Gonçalo B.; “Decorated Mud Houses of Tiébélé”, Amusing Planet—Amazing Places, Wonderful People, Weird Stuff; Travel With Olga.
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